“E, se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão;
e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.” Eclesiastes 4:12

A Rede Transamazônica de Líderes Cristãos Indígenas é uma iniciativa dos líderes evangélicos nativos comprometidos com a expansão do Reino de Deus que nasceu como resultado do diálogo e esforço mutua das agências missionárias de evangelização aos povos indígenas, procedentes de igrejas nacionais, Americanas do Norte, Europa e Coréia do Sul.

No ano de 2004, na missão Caiuá na cidade de Dourados, estado de Mato Grosso do Sul, por ocasião da IV Conferência nacional do CONPLEI, o missionário Paul Johnson observou a maneira como os líderes indígenas brasileiros interagiam sem dificuldade com missionários nacionais e estrangeiros.

Esta “nova” descoberta despertou o interesse em convidar o Pr. Henrique Terena e Pr. Eli Tikuna a participar em uma das reuniões que teriam nos Estados Unidos em Abril de 2005. Na ocasião somente o Pr. Henrique pôde participar mas foi ali que começou uma nova era missionária aos países da bacia amazônica. Em uma das plenárias o Pr. Henrique deu uma palavra que gerou um certo desconforto mas atingiu o âmago do problema que desde anos atrás Paul e muitos outros haviam
sentido. Como resultado destas reuniões uma organização foi criada de nome ALTECO (sigla em inglês Amazon and Lowland Tribal Empowerment Coalition que significa Aliança para Empoderamento das Tribos da Bacia Amazônica).

Paul, em visita a diversos povos da amazônia percebeu que nas igrejas plantadas há deficiência no crescimento da igreja em conseqüência do despreparo dos líderes nativos. Observou ainda um nível bastante elevado de dependência não saudável dos nativos com relação aos missionários estrangeiros considerando-se uma sociedade inferior com sérias dificuldades de vencer. Os problemas observados nas igrejas indígenas levou-o a repensar o passado, método de evangelização aos nativos a fim de corrigir os erros cometidos.

Em toda a amazônia há mais 400 nações indígenas, 200 delas são considerados povos alcançados pelo Evangelho de Cristo e 200 são grupos que ainda permanecem sem nenhum contato com o Evangelho.

Países como Bolívia, Peru, Brasil, Venezuela, Equador, Colômbia, Paraguai e as Guianas tem em seu território parte da Amazônia e a atual política indigenista na maioria dos países mencionados são voltados para a proteção, o paternalismo e Isolacionismo, que em nome ao respeito à diversidade e preservação cultural é introduzida e imposta de forma radical.

O Evangelho é tido como a religião do “branco” e considerado como o responsável pela perda da cultura dos povos nativos, nas áreas indígenas, em especial a dos povos isolados. Em alguns governos como no Brasil e Bolívia criaram-se medidas que impedem o ingresso de missionários evangélicos.

A ideia de ver uma rede de líderes indígenas cristãos na Amazônia era um sonho de muitos anos. Como resultado das consultas realizado nos Estados Unidos pela ALTECO e participação ativa de líderes indígenas do Brasil e Peru, surgiu a ideia de realizar a primeira consulta de líderes cristãos nativos dos países da América do Sul, principalmente daqueles que possuem a selva amazônica em seu território nacional.

A primeira consulta foi realizada na cidade de Iquitos no Peru nos dia 19 a 23 de Setembro de 2007 com a participação de indígenas, lideres chaves dos países do Brasil, Paraguai, Colômbia, Peru, Bolívia e Equador. O responsável pelo evento foi um comitê organizador, integrado por líderes indígenas do Peru e Brasil, com o apoio logístico e financeiro da ALTECO.

O objetivo da consulta foi avaliar as iniciativas do passado e pensar num plano para o futuro dos povos indígenas assim como coordenar os esforços, incluindo os não indígenas no processo de “empoderar” e acompanhar os povos indígenas nos próximos anos.

Em resposta à necessidade de cooperar para o bem da igreja indígena os nativos dos países amazônicos manifestaram a importância de ter em cada país uma rede nacional.

Na consulta em Iquitos se formou um comitê de trabalho de caráter provisório que seria o responsável por motivar e facilitar a criação das redes nacionais. Hoje o comitê é formado por integrantes indígenas e não indígenas; pr. Eli Tikuna, pr. Henrique Terena, pr. Rafael Ahuanari, pr. Samuel Ramirez, missionário Clever Mashiant, missionário Pablo Chuvé, missionário Salomón Puinave e os assessores; pr. Elmer Terrazas, Paul Johnson, missionária Irma Espinosa e pr. Josué Chang. Também faz parte da rede um grupo de assessores de vários países.

Com a assessoria do CONPLEI, a primeira rede nacional que se formou foi a de Bolívia, em 2008, denominada como FRALIC (Fraternidad Amazônica de Líderes Indígenas Cristianos), no Equador foi criado o CLICPAE (Corporacion de Líderes Indígenas Cristianos y Pastores de la Amazonia Ecuatoriana), no Peru a RELENAP (Red de Líderes Evangélicos Nativos de la amazônia Peruana), Também no Paraguai foi formada uma rede nacional e está em fase de estruturação, a última neste ano na Colômbia. Ainda faltam Venezuela e as Guianas.

VISÃO

Unir as nações indígenas da região Amazônica, considerando sua realidade cultural, glorificando a Deus, cumprindo com a Grande Comissão, facilitando o desenvolvimento integral e valorizando sua identidade.

OBJETIVOS
1) Promover a unidade indígena cristã entre os países da região amazônica
2) Facilitar a capacitação integral dos líderes indígenas
3) Promover a existência de uma igreja genuinamente indígena, com um evangelho contextualizado.
4) Oferecer um discipulado eficaz para fortalecer à igreja indígena.
5) Promover o intercâmbio e cooperação entre a igreja indígena, nacional e estrangeira.
6) Abrir a porta para uma comunicação de intercâmbio entre os líderes indígenas e não indígenas.
7) Abrir as portas a outras organizações que se identifiquem com nossa visão, que queiram cooperar como parceiros com a rede.
8) Facilitar o desenvolvimento integral nas nações indígenas da Região Amazônica.
9) Promover, o resgate e a preservação dos valores de sua identidade cultural segundo os princípios bíblicos.
10) Fortalecer o esforço missionário indígena para alcançar as nações da região amazônica e do mundo.
11) Facilitar a busca de ajuda humanitária em caso de desastres naturais.
12) Facilitar em forma internacional a defesa dos Direitos Humanos a favor das nações indígenas da Região Amazônica, quando estejam ameaçados.
13) Submeter a Deus e a sua vontade todas as atividades e esforços da rede.